Editorial: A Natureza como Aliada da Saúde Humana: Lições de Sternberg et al. (2014) sobre Ansiedade, Relaxamento e Recuperação

Em um mundo marcado pela correria urbana e pela crescente pressão social e econômica, os benefícios que a natureza oferece à saúde humana se tornam cada vez mais cruciais. As pesquisas de Sternberg et al. (2014), que evidenciam o impacto positivo da exposição a ambientes naturais na redução da ansiedade, promoção do relaxamento e melhora da função cognitiva, oferecem uma perspectiva fundamental sobre como podemos reverter os danos causados pela vida moderna, ainda mais em tempos de crescente urbanização.

A natureza tem se mostrado uma poderosa ferramenta terapêutica, especialmente em ambientes onde as condições de saúde se tornam desafiadoras, como em hospitais. Portanto os Jardins terapêuticos em instituições de saúde têm mostrado que o contato com espaços verdes pode não apenas proporcionar um refúgio psicológico, mas também acelerar a recuperação física e mental dos pacientes. Reconhecemos que os benefícios de estar em contato com a natureza, como descrito por Sternberg et al., não se limitam apenas à redução do estresse, mas também estendem-se à melhora do bem-estar geral e à redução da percepção da dor.

O cenário descrito anteriormente evidencia a necessidade urgente de integrar a natureza ao cotidiano das cidades e dos sistemas de saúde,  é preciso entender que a natureza não deve ser vista como um luxo ou uma opção estética, mas como uma estratégia essencial de saúde pública. 

Parques urbanos, jardins terapêuticos e espaços verdes dentro de hospitais e clínicas têm o poder de transformar o processo de recuperação, oferecendo benefícios que vão além do simples alívio do estresse, mas que promovem uma cura holística e integrada.

Além disso, a exposição a ambientes naturais pode ser uma solução eficaz na prevenção e no manejo de doenças associadas ao estresse crônico e à falta de contato com a natureza. Pesquisas comprovam  o aumento de condições como a ansiedade e a depressão nas sociedades contemporâneas, portanto é essencial que políticas públicas priorizem o acesso a espaços verdes e criem ambientes que favoreçam a saúde mental e o bem-estar de seus cidadãos. Essa abordagem integrativa pode ser particularmente útil para comunidades urbanas que, por sua própria configuração, estão cada vez mais distantes da natureza e, portanto, de seus benefícios terapêuticos.

O conceito de restauração cognitiva e os efeitos observados por Sternberg et al. (2014) indicam que o contato com a natureza pode recuperar a mente humana da sobrecarga informacional constante que caracteriza o mundo moderno. Ambientes naturais oferecem uma pausa saudável para a mente, permitindo que o cérebro se recupere, melhore a atenção e a clareza mental.

É fundamental, portanto, que cada vez mais hospitais, clínicas e espaços urbanos incorporem elementos naturais em seu planejamento. Não apenas como uma forma de embelezamento, mas como uma estratégia terapêutica comprovada. O acesso à natureza deve ser considerado um direito universal, e sua integração aos ambientes urbanos não é apenas uma questão estética, mas sim de saúde pública.

As lições de Sternberg et al. (2014) mostram-nos que a natureza é uma aliada poderosa no cuidado da saúde humana, capaz de melhorar a qualidade de vida, reduzir o estresse e acelerar a recuperação de doenças. O futuro da saúde pública depende, em parte, da integração da natureza aos ambientes urbanos e instituições de saúde, criando espaços que favoreçam a cura não apenas física, mas também emocional e mental.

É hora de repensar nossas cidades, hospitais e espaços urbanos como lugares que não só acolhem, mas também curam, revitalizam e restauram as pessoas que os habitam. A natureza, de fato, tem o poder de transformar a saúde humana, tornando-se um componente essencial na construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada.

Referências
STERNBERG, E. M. et al. Effects of Nature Exposure on Human Health: Psychological, Cognitive and Physiological Responses. Journal of Environmental Psychology, 2014.
KAPLAN, R.; KAPLAN, S. The Experience of Nature: A Psychological Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
WOLVERTON, B. C. et al. Interior Landscape Plants for Indoor Air Pollution Abatement. NASA, 1989.
HARTIG, T.; MIELKE, S.; LEE, C. Environmental and Mental Health Effects of Nature and Plants. Environment and Behavior, 2014.

• Dra Zilda Maria A. Matheus
• Doutora em Ciências da Comunicação (Turismo) pela ECA/USP, Pesquisadora no Naturo Academic Research Institute.
• E-mail: contat@naturoinstitute.org7