Positividade tóxica nas redes sociais

Já ouviu falar em positividade tóxica?

É aquela pressão (interna ou externa) para enxergar tudo pelo lado positivo — mas de forma exagerada, como se não fosse permitido sentir tristeza, frustração ou simplesmente “estar de baixo astral”. Não é como o conceito de Pollyana (do livro de Eleanor H. Porter), que fala sobre encontrar o lado bom das coisas. Aqui, é quase uma obrigação de ser feliz o tempo todo.

Nas redes sociais, isso é ainda mais evidente. E me pergunto: como isso afeta pacientes com depressão? Nossos humores oscilam, reagimos às situações. Não dá para ignorar sentimentos ruins e fingir que tudo é perfeito — como se, ao não “pensar positivo”, estivéssemos criando nossa própria infelicidade.

Vou falar como uma pessoa normal (acho que sou normal, rsrsrs): tem dias que só quero ficar na minha. Outros em que não tenho ânimo para sorrir ou ser “fofinha”. Não consigo ter o mesmo humor o tempo todo. Isso é o normal (não estou me referindo aos transtornos psiquiátricos). Ao nos cobrarmos uma estabilidade rígida de um estado de humor (no caso, positivo), é como se cobrássemos de nós mesmos para não sermos nós mesmos, entende?

Isso vira um problema quando os momentos negativos dominam nossa vida, mas o excesso de positividade também pode ser prejudicial — uma fuga da realidade, um jeito de evitar conflitos ou soluções necessários.

Sinceramente? Acho cansativo conviver com pessoas exageradamente positivas. Sei que isso é uma máscara “nada saudável” para a psique da pessoa. Prefiro gente real, que assume quando está tendo um dia ruim.

Lembre-se: acordar de “pé esquerdo” não é licença para desrespeitar os outros, mas forçar alguém a ser positivo o tempo todo pode impedi-lo de pedir ajuda quando precisar.

No meu caso, quando percebo que estou crítica demais em relação a esse tema, simplesmente sumo das redes sociais por um tempo. Autoconhecimento é isso: saber quando recuar.

E você? Consegue diferenciar uma pessoa otimista de alguém que está na positividade tóxica?

Minha orientação como psiquiatra: Não há problema em não enxergar o lado bom de tudo. Se os pensamentos negativos estiverem dominando seu dia a dia, afetando seus relacionamentos ou trabalho, busque ajuda. Não se compare a “personagens” da internet — lá, todo mundo parece dar conta de tudo, mas na vida real, somos humanos, com altos e baixos.

Abraços,

  • Dra Mariza Matheus
  • Psiquiatra
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